— Quantos dedos têm aqui?
Sua visão estava embaçada, tudo girava ao seu redor. Não compreendia bem aquela figura à sua frente, lhe mostrando a mão. O que ele disse mesmo? Estava confuso. Começou a ficar escuro, alguém lhe apertava o peito. O que estava acontecendo? Ainda há pouco estava no parque, brincando com seu filho e... E o que mesmo? Por que estava zonzo? Não havia bebido. Será que o café fez mal?
— Ponham-no na maca. Vamos levá-lo para o hospital. Depressa!
O que ele disse desta vez? Quem o estava carregando? Onde estava o filho? O que diabo estava acontecendo?
Acordou-se com uma sensação de náuseas, sempre a sentira com aquele cheiro de farmácia. Ao ouvir o som constante de um “bip” e notar que estava usando uma máscara de oxigênio, logo entendeu que estava no hospital. Olhou para o lado e viu sua esposa com aparência triste e cansada, dormindo sentada em uma cadeira ao lado.
Uma enfermeira surgiu em sua frente com um sorriso pouco encorajador no rosto.
— Finalmente acordou... Está se sentindo bem?
— Onde está meu filho?
— Procure não pensar nisso agora.
— O que? O que aconteceu? Eu estava com meu filho no parque e de repente tudo ficou confuso. Meu filho está bem?
— Senhor... Procure descansar.
— Mas me diga... O que aconteceu? Eu bebi alguma coisa? O café me fez mal?
— Não senhor... Quem bebeu foi o motorista que os atropelou.
— Atropelou? E meu filho?
— Descanse senhor. Não se preocupe com isso agora.